O estacionamento estava escuro. Algumas luzes falhavam. Eu assistia dentro de uma jaula, uma mulher fazendo um homem se rastejar sob seus pés. Não se passava de uma brincadeira. Ela era rude e ele aceitava. Senti alguém me puxar pelo braço, era a Lilian, me chamando pra ir embora.
Ao sairmos da jaula, reparei que num canto do estacionamento, havia um homem segurando uma jovem mulher que se debatia. Ela tinha um vestido de festa, rasgado e sujo, pela luta que eu presenciava. Ao perceberem nossa presença, ela livrou-se dele e tentou correr em nossa direção. Não conseguiu dar mais que dois passos, pois ele a segurou pelo braço, e de longe víamos que ele encostava uma arma em sua nuca.
Ela ficou estática. Olhava-nos sem piscar, suplicando ajuda, esperando que fizéssemos algo. Olhei para a Lilian, ela mantinha a cabeça baixa e caminhava para o carro. Fiz o mesmo. Ainda com a cabeça baixa, conseguia ver que a jovem chorava, esperando a morte. Mais uma vez desviei o olhar, entrei no carro, no banco de trás. Sentia-me aliviada por que, de lá, não conseguia vê-la, apenas ouvir seu vestido ser rasgado, enquanto era estuprada.
Pela janela do carro, percebi que outra mulher, também com vestido de festa, lutava com o mesmo vigor que a outra. Fechei meus olhos. Tinha medo que me vissem lá. Tinha medo que fizessem o mesmo comigo. Ouvi um tiro. Mesmo com os olhos fechados, vi o clarão do disparo. Imediatamente um cheiro de sangue e pólvora impregnaram o ar. O silêncio desta vez, era mais agonizante que os gritos da moça.
Mantive meus olhos fechados até sairmos daquele lugar. Tentando de alguma forma, esquecer os olhos de súplica que rejeitei. Esperando tudo acabar, esperando acordar.
4 rabiscos:
Nossa Debbie! Muito bom! Forte!
Gostei..
Vc já assitiu "Irreversível" ?
Não, não assisti.
Mas agora que vc falou fiquei curiosa...
http://arapongasrockmotor.blogspot.com/2008/09/irreversvel-irreversible-2002.html
Muito bom o filme e o blog. vale a pena dar uma fuçada
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