Apagou a luz e deitou. Dormiu sem perceber a dor que latejava ao seu lado. Sem perceber a garganta apertada, o soluço abafado. Dormiu tranquilamente enquanto ela chorava abraçada ao seu travesseiro. Enquanto desejava um dia melhor. Enquanto tentava dormir, simulou um sonho onde ele a deixava por uma paixão qualquer. E ela, mesmo sangrando seguiu em frente. Voou longe e transformou sua dor em arte. Sua arte ecoou pelo mundo. Ecoou e voltou para ele. Ele então apagou a luz. E não conseguiu mais dormir.
Punições muito severas exigem um estado muito severo. Isso implica em intransigência e força. Num mundo tão dinâmico, onde muitos conceitos mudam rapidamente, e novos direitos emergem, é difícil obter justiça num sistema engessado. Sem contar que a única coisa que se aprende com isso é que o importante é não ser pego.
Quem disse que ser bom seria fácil?
A bondade é um exercício de acreditar no melhor das pessoas. A forma como elas reagem a você é um reflexo do que você desperta nelas. Raiva significa baixa compreensão. Baixa empatia. Bondade não significa subordinação ou conformismo. Bondade é entender e encontrar formas de iluminar. A falta de compreensão pode depender da perspectiva, de forma que a construção de cada um pode gerar sombras para o conhecimento e cada um pode ser iluminado por diferentes abordagens.
Os momentos mais difíceis são os mais desafiadores para se exercitar a bondade. São neles que somos postos em prova. A bondade não precisa de religião. Ela por si só traz a libertação. Ela não é apenas um ato. Ela é um estado. Compreensão leva ao perdão.
Fazer piadinhas machistas não significa que você despreze as mulheres.
Fazer piadinhas racistas não significa que você seja nazista.
Fazer piadinhas sobre gays não significa que você seja homofóbico. Não. Não significa. Pelo menos para você.
Lembre-se que você pode sim, se expressar. Mas não deve desqualificar nem inferiorizar ninguém. Não espere que todos levem na esportiva. Ninguém é obrigado a rir da sua piada. Ninguém sabe o que causa dor ou desconforto a outra pessoa. Você pode não ligar para brincadeiras, mas existem pessoas pessoas que ligam. Então, antes de esperar ser respeitado na forma como se expressa, aprenda a respeitar.
Você consegue amar um cachorro, mesmo que ele seja rebelde, que coma seus sapatos, lata quando não puder, fuja só para chamar sua atenção?
Você consegue amar um gato, mesmo que ele te arranhe, mesmo que ele te ignore quando você chama?
Você consegue amar um bebê? Bebês jogam coisas para você pegar, gritam, puxam seu cabelo, e ainda assim somos capazes de amá-los com todas as nossas forças.
Nós somos capazes de amar outros animais porque sabemos de suas limitações, da sua forma de expressar o amor e de sua natureza. Nós amamos nossos bebês porque sabemos que esses comportamentos são comuns da idade e que eles estão aprendendo. Nós os entendemos.
Então porque não conseguimos entender as pessoas que pensam ou que agem diferentes de nós? Por que é tão difícil?
Cada pessoa tem uma história, tem uma natureza e lida de maneira diferente com cada situação.
Não precisamos odiar ninguém. Também não precisamos acatar tudo. Devemos nos colocar no lugar das pessoas e compreender os mecanismos que os levaram a pensar e agir diferente de nós. E como é importante que isso aconteça para a humanidade evoluir.
Simplesmente nunca mais ligou. Foi assim que Luís terminou com Fernanda. Carol foi pega traindo Felipe, Andréia descobriu que ela era a amante. João ainda tentou voltar com Tereza. Mas Marcos já tinha outra pessoa. Aline terminou por ciúmes. Leandro terminou de raiva.
Quando Luís ligou, Fernanda falava com Leandro. Felipe se apaixonou por Aline. Tereza, grávida, casou-se com Marcos. Andréia ficou sozinha.
E João descobriu que era gay.
Em silêncio, se abraçaram. As lágrimas dela escorrendo em seus ombros, o faziam entender. Pelo menos era o que ela esperava. Dizer em palavras doeria tanto... Mais ainda, ouvir a resposta. Em silêncio. A resposta silenciosa doeria mais do que qualquer coisa. Ele poderia pedir para ela ir embora. Mas não seria capaz de pedir para ficar. Então, ela se poupou do silêncio, com o silêncio.
Para trás ficava o ar de seus pulmões. Cada vez que expirava deixava pra trás aquele ar passado, insuficiente agora. Cada vez que inspirava, precisava de ar novo. Porque as lágrimas pediam. O soluçar exigia ar novo. O choro não era de tristeza. Era de renovação.
Fechou os olhos para sentir a força do ar novo em seu rosto. E o ar que passava segurava seu cabelo, sua roupa, seu corpo. O vento tentou segurá-la. Mas ela ia consistente, convicta do seu caminho.
Riscou-se no ar. Pontuou-se no tempo. Continuou decidida. Nada a faria voltar atrás.
Até que o chão a parou...
Parou somente o seu corpo. Parte dela - mas não ela - ficou retida no chão.
Nosso amor é tão simples
Que se tornou essencial.
Como quem respira
E não pensa que precisa
Respirar.
Nosso amor é tão simples
Que não precisa alimentá-lo
Ou exaltá-lo.
Porque ele é que move,
que nos leva de encontro.
Nosso amor não é nosso -
Nós é que pertencemos a ele.
... que só restou um fragmento...
Sejamos livres dentro do cárcere da vontade.
Prisioneiros da insatisfação porque o amor não se sacia.
Não quer ser estudado, filosofado nem compreendido.
Às vezes fico um tanto contrariada com o destino. Às vezes fico contrariada com essa palavra: "destino".
Não acredito em destino. Mas chamo de destino aquilo que o acaso me traz, aquilo que o vento leva, tudo aquilo com que me deparo. Fico contrariada porque nem sempre é do jeito que eu quero, que imagino. Nem sempre sai como planejado. Mas ultimamente, meu destino tem sido tão gentil comigo...
O vento segue seu fluxo, e algumas coisas se vão, mas outras vêm... O ar se renova, e eu posso me construir com coisas novas e diferentes que nunca imaginei.
Pessoas tão boas surgem. E eu me apaixono cada vez mais por elas. E fico cada vez mais grata.
Descobri que o destino não se concretiza somente a partir dos sonhos. Mas pode ser muito melhor.
Não consigo dormir
De tanto sonhar.
Descubro que não preciso
dormir pra sonhar,
O sonho é a poesia
que escrevo enquanto durmo.
Mas sonho também acordada
Porque o sonho é a poesia
que escrevo quando dormem
os meus medos.
Quero ser artista...
Viver de amor,
Dar vida ao amor,
Dar formas aos sonhos,
Dar sonhos ao amor...
Quero ser sonhos...
Ter a poesia da inconsciência,
Ser e simplesmente ser.
Quero ser aquilo que alimenta
As mentes famintas,
As almas carentes,
Os corações transbordantes.
Gostaria de poder desligar o despertador sem ter que me preocupar em olhar os raios de luz da janela, se já trazem um novo dia. Quero poder dormir até não aguentar mais. Abraçada, enlaçada por você, quero curtir o calor dos meus lençóis, grata a eles, ciente do frio de fora. Quero sentir cheiro de lenha, café e pão de queijo. Quero acordar e ficar horas na cama rindo das suas brincadeiras. E fazer amor para que exaustos, durmamos novamente. Poderíamos passar o dia inteiro sem fazer nada. Apenas brincando, um consumindo a presença do outro. E mesmo assim, nos divertiriamos entre cócegas, mordidas e sustos. Pois só a presença basta. O amor completa. E somos um em dois corpos.
Possibilidades... São tantas...
Quanto de mim já não é você?
Quanto mais eu posso dar?
Sou fluida, intermitente,
Renovo-me conforme a lua.
Pulsa, amor, em minhas veias,
Completa-me de saudade
e vá...
Esfria-me com tua ausência,
faça com que eu a sinta
e volte...
Entremeie em meus braços
Confunda-se em minha pele.
Embora pensasse que eu mesma padeceria do mal de Ismália, não posso deixar de imaginá-lo em sua torre. Não vislumbrava a queda, mas o espaço. Eu compreendo, mas não aceito. Não associo sua imagem ao fato. A silhueta por baixo do alumínio não era sua. Porque você já não estava mais lá. Dispersou-se. Libertou-se?
Será que houve tempo para arrependimento?
Será que o impacto doeu mais que a dor que continha no peito?
Será que o vazio em você era maior do que este que deixou em nós?
Pergunto-me se por trás do "oi" tímido, transparecia a admiração e carinho que tinha.
Sinto-me triste e com todo o direito de sentir, por mais egoísta que seja, já que você se deu ao direito de sê-lo.
E estes versos ainda ecoam na minha mente...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar… (Alphonsus de Guimaraens)
Nas horas em que te esperei,
achei outras distrações
Pra minha mente arredia
Pros meus pensamentos ansiosos.
Vou te esquecendo aos poucos.
Ao longo dos dias
Fui buscando formas
de controlar a saudade,
de acalmar o peito
de te esquecer um pouco.
Nos momentos tristes
em que não ouço sua voz
Esqueço que você não entendia
Nos momentos tristes
Em que não sinto o seu toque
Esqueço que você não estava.
Vou esquecendo aos poucos.
Desceu as escadas
ignorando degraus
para chegar mais rápido
saltou pros seus braços
se deu aos seus lábios
A eternidade era o instante
que se fixara no passado
as dores se dissipavam
na respiração
Amor é novelo desfeito no tempo
Emaranhado no caminho
Cruzando pensamentos